quinta-feira, 25 de setembro de 2008

É fácil ser um gênio hoje em dia.

Eu sempre quis ser chamado de gênio. Pensava que, para isso, precisava ser como o Einstein e manjar de física quântica. Bobagem. Tem muita gente que chama o Carlinhos Brown de gênio. Einstein criou a teoria da relatividade. Carlinhos escreve coisas como a letra de “Cachaça”: “Botou açúcar, chupou limão/ Balanço no badalo da negona e do negão” Adivinha o que é mais fácil fazer? Carlinhos lançou um disco novo: 'A gente ainda não sonhou'. Tal qual o El Niño e as enchentes em março, discos novos do Carlinhos são tragédias sazonais. A gente pede a Deus para Ele maneirar nas danações, mas o callcenter do céu ainda não passou por uma boa reengenharia. Toda vez que um desses monstros sagrados da MPB lança um disco eu vou buscar indícios de anemia criativa nas letras. Em discos do Carlinhos é moleza. Que tal a letra de “Garoa”? Saca só: 'Se o riso fosse mato pro milho crescer/Garoa, garoa, garoa, roa, garoa/Sujeira no espelho/ creme dental e cabelo'. Pelo menos três letras do disco têm refrões com 'lalala' e 'nanana'. Deve ser legal escrever com a ajuda de uma cartilha de alfabetização. Vou vender kits para quem quer virar um gênio como Carlinhos. Vai ter óculos escuros gigantes e ridículos, um atabaque e uma cartilha “Caminho Suave”. Ah, sim, também vai ter dicas legais de como fazer rimas espertas com palavras “exóticas”. Afoxé e Alfagamabetizado, por exemplo (ele é um lingüista, vocês sabem). Einstein deve estar arrependido. Ao invés de quebrar a cabeça para entender o universo, ele poderia ter fundado um bloco de carnaval. Cabelo esquisito ele já tinha.
PS: Milagre. Um crítico falou mal desse disco. É o primeiro crítico com culhão que eu vi neste ano.

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