segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O frio nos deixa mais idiotas?

Os nativos estão inquietos. Nevou lá nas terras do sul. Tem gente animada, achando que a civilização finalmente chegou por aqui. Como se sabe, a neve é o primeiro pré-requisito para um país ser desenvolvido. Renda per capita deve ser algo irrelevante, vai saber.

O povo que comemora a chegada da neve mostra aquele provincianismo babão que nos é peculiar. Mas não estamos sozinhos, os gringos que vêm para cá também não deixam por menos. Basta ver aqueles alemães branquelos que tiram fotos de baianas de acarajé e de mendigos. “Olha, Hans, eles usam chinelos!”

O pessoal do sul sempre achou que vivia numa espécie de Europa brasileira. Afinal, eles têm casas com telhadinho inclinado. Só que para o sul virar uma Europa faltam experiências realmente transformadoras, como “Invasão pelos Mouros” e “Napoleão”. E precisam trocar a Adriana Calcanhoto por um novo Shakespeare. Neve é adereço, tapuias.

Mas não são apenas os sulistas que se animam com o frio. Paulistas também ficam insuportáveis no inverno. Desfilam com seus cachecóis, casaquinhos mofados e cara de cu, achando quem estão em Nova Iorque. Pior: misturam as estações. Para todo lugar que eu olho tem uma garota metida a fashion com aqueles ridículos óculos escuros gigantes – em dia nublado! No dicionário ilustrado elas devem acompanhar o verbete “frescura”.

Somos assim mesmo, nos orgulhamos de coisas inúteis, como títulos de copa, tamanho de nossos rios, etc. E agora neve. Só me acordem quando a renda per capita for de 30 mil dólares, pode ser?

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